
O bailado contagiante do Boi Upaon Açu, do sotaque orquestra,
garantiu o aquecimento das milhares de pessoas que foram prestigiar o Arraial
Mestre Marcelino, na Praça Nauro Machado, na noite de sábado, 17. A atração
marcou abertura da festa, movimentando o Centro Histórico da capital em mais um
dia de programação junina do ‘São João de Todos’, promovido pelo Governo do
Estado, em parceria com a prefeitura de São Luís. Complementaram as atrações no
arraial o Cacuriá de Dona Teté, um dos mais conhecidos deste estilo no Maranhão
e que sempre atrai centenas para acompanhar o gingado e a música envolvente. A
primeira canção prestou uma homenagem à criadora da brincadeira, Almerice da
Silva Santos, mais conhecida como Dona Teté, que faleceu em dezembro de 2011, aos
87 anos.
“Para nós é sempre uma satisfação fazer parte desta que é uma
das festas mais significativas e representantes do folclore maranhense, que é
único e é muito especial para nós por homenagearmos essa mulher que contribuiu
para que tudo isso aconteça”, disse a cantora Rosa Reis. Dona Teté era
compositora e cantora, ganhadora do título honorável de ‘Dama da Cultura
Popular Maranhense e conhecida pelo sua famosa brincadeira. Emoção misturada à
alegria deram o tom na apresentação.
O cacuriá foi o que atraiu o administrador Cláudio de Souza
Rosa, 41, que é de Brasília. Para ele, a dança é uma das mais atrativas do
período. “Na minha cidade, o São João tem mais grupos de quadrilha. Aqui é uma
variedade tão grande, tão rica. E desse conjunto todo, gosto muito dessa
alegria dos grupos de cacuriá. Fico maravilhado sempre que assisto estes
grupos. É tudo muito bem coreografado, tudo muito bem feito”, enfatizou.
O administrador financeiro Raimundo Matos, 38 anos, curtiu a
dança com os filhos Maitê Luz, 2 anos e Joaquim Salvador, de 4. A esposa,
Cristina Lima, 33 anos, é uma das integrantes da brincadeira e todos os anos, a
família se reúne para prestigiar a manifestação folclórica. “Com isso, estamos
repassando para eles o amor pela nossa cultura, para que sejam divulgadores e
incentivadores da preservação dessas manifestações. Para que não se perca esses
valores culturais”, avaliou.
Quem também curtiu as atrações do Arraial Mestre Marcelino
foi a arte-educadora Zayda Moraes, 35 anos, que estava acompanhada da família –
as filhas Zayda, de 12 anos, Laura, de 10 e o namorado, Paulo Santos, 40 anos.
“Adorei. Tudo muito organizado, horários cumpridos, espaço bem distribuído e o
público pode curtir de pertinho. Um ótimo espaço para a família e também,
programações bem escolhidas. Gostei muito mesmo”, afirmou.
A força do Boi de Floresta Mestre Apolônio tomou a praça com
seus 130 integrantes e garantiu a alegria do público. A terapeuta ocupacional
Juliana da Silva Bespalec, 31 anos, veio de São Paulo especialmente para
prestigiar as apresentações juninas e aprovou a brincadeira. É a segunda vez
dela na capital maranhense, mas, a primeira especificamente para curtir o São
João. “Vim mesmo para estas festas. É muito emocionante, encantador e diverso.
Estou gostando muito do que já vi, mas queria mesmo era ver de perto esse
gingado dos grupos de bumba boi, que acho bastante interessante”, disse ela.
Integrante do Boi de Apolônio, a turismóloga Nadir Cruz, 54
anos, mantém o pique, a alegria e a emoção para fazer bonito nas apresentações.
São 38 anos na dança e a tradição se mantém. “A gente sempre se esforça, mesmo
com o cansaço, com a rotina pesada de ensaios e apresentações, para fazer o
melhor espetáculo para o público. É cultura, é ação social, é religiosidade,
que vão além do folclore e que nos emociona cada vez que vemos a satisfação nas
pessoas. São João é essa magia”, disse.
Seguido da brincadeira, o músico César Teixeira levou ao
palco do arraial um repertório junino para agradar a todas as idades. Canções
imortalizadas na MPM e também MPB como ‘Bandeira de Aço’, ‘Paragolé’ e a
belíssima ‘Boi da Lua’ emocionaram o público que cantou junto. A tradição e
religiosidade do Boi de Santa Fé encerrou a noite no Arraial Mestre Marcelino
convidando todos a bater o pé no chão e seguir a dança cadenciada do grupo.
Nascido na região da baixada e com sede no bairro de Fátima,
na capital, o Boi de Santa Fé é referência importante para o bairro e a cultura
local. São seis cds gravados; participação em várias festividades culturais do
estado e do país; e ganhador de importantes prêmios como no 1º Festival de
Toadas do Maranhão em 1986, como a melhor toada e premiação na edição de
2007 do Prêmio de Cultura Popular Duda do Ministério da Cultura. Este ano
completou 29 anos de existência.
O norte-americano Meredith Wats, 76 anos, escolheu o folclore
maranhense como sua base de pesquisa e se diz maravilhado com o que conheceu.
Todos os anos ele prestigiar os festejos juninos e registra tudo para contar a
história às próximas gerações. “O que se vê aqui é o que há de mais rico e
atraente em cultura popular e que não pode se perder. Todas as vezes me
emociono e sou um fã estudioso das manifestações da cultura de São Luís e do
Maranhão”, disse ele.
Festejo
de todos
O ‘São João de Todos’ é promovido em quatro arraiais
oficiais, nos Vivas de diversos bairros, organizações na Região Metropolitana e
mais 100 cidades maranhenses, com apoio do Governo. “É uma festa para a família
e todos os arraiais oficiais seguem esse nível em estrutura, segurança e
variedade de brincadeiras, que vem atraindo um grande público. O ‘São João de
Todos’ já é sucesso, repetindo os períodos juninos anteriores. Esperamos que as
famílias venham curtir e prestigiar nossa cultura”, destaca o secretário de
Estado de Cultura e Turismo (Sectur), Diego Galdino. As festas prosseguem até
dia 2 de julho.

