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“Todo mundo tem que estudar”

Glaycyanna Lima, de 17 anos, está entre os adolescentes do NUCA de Raposa (MA), que oferece apoio pedagógico para 40 crianças da periferia do município

Publicada em 12/09/22 às 11:09h - 83 visualizações

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 (Foto: Avozdaraposa@gmail.com)

Raposa fica a 30 km da capital São Luís, no Maranhão, e é um dos 216 municípios do estado que faz parte do Selo UNICEF – iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para estimular e reconhecer avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira.

No território Recanto dos Poetas, localizado na periferia de Raposa, moram Wagner Rosa e Glaycyanna Lima. Wagner é mobilizador de adolescentes no município dentro da plataforma do Selo UNICEF. Glaycyanna, de 17 anos, é uma das adolescentes mobilizadas e faz parte do Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA) da cidade. Glaycyanne e Wagner e mais três adolescentes e jovens têm impactado diretamente a vida de 40 crianças moradoras locais.

De segunda a sexta-feira, das 14h30 às 17h, são ofertadas, em uma escola comunitária, aulas de apoio pedagógico para crianças de 8 a 12 anos. O objetivo é oferecer suporte nas disciplinas de português e matemática, por meio de aulas conduzidas pelos adolescentes e jovens do NUCA. “A motivação para criar o apoio pedagógico foi devido à pandemia de Covid-19. Se antes já existia desigualdade, hoje existe muito mais. Muitas crianças chegaram aqui sem nem saber que o nome delas estava no alfabeto”, conta Wagner.

A iniciativa é uma forma de contribuir para o enfrentamento do fracasso escolar ao ajudar a diminuir o índice de distorção da idade série e o de crianças de até 12 anos que ainda não concluíram a alfabetização completa. Além dos conteúdos de português e matemática, as crianças também aprendem sobre prevenção de violências, como o abuso infantil e a violência contra mulher, e sobre prevenção de doenças.

“É muito significativo ver os adolescentes dos NUCAS trazerem para a prática a ideia de que cuidar dos direitos das crianças e adolescentes é uma tarefa de todos nós, através de sua liderança em atividades como essa. É ainda mais especial quando essas ações se conectam ao direito de estudar. Por meio do Selo UNICEF, o município de Raposa tem buscado avançar em favor dos direitos das crianças e dos adolescentes, e muito se pode fazer com um bom trabalho em conjunto, não somente para enfrentar a evasão escolar, mas também para desconstruir aquela cultura que tornaria “aceitável” o fracasso escolar dos meninos e meninas mais vulneráveis. Isso, na verdade, é inaceitável. Por essa razão, ainda mais relevante é o investimento que todos juntos podem fazer para melhorar a qualidade do ensino para cada criança", explica Ofélia Silva, coordenadora do UNICEF no Maranhão.

O NUCA de Raposa tem 18 adolescentes e jovens de 15 a 20 anos. Quatro deles estão envolvidos no projeto de apoio pedagógico no Recanto dos Poetas. Um deles é a adolescente Glaycyanna Lima. A menina conta que, apesar do receio inicial de dar aulas para crianças, o que a motivou a participar do projeto foi o potencial transformador que a educação tem. “Nosso país tem um número muito grande de analfabetos e eu queria contribuir para esse caos acabar. É muito triste chegar para uma criança e perguntar: Você sabe o que é isso? E ela não saber e se sentir envergonhada. Ninguém merece passar por isso. Todo mundo tem que estudar”.

Glaycyanna também conta que ela mesma tem uma experiência pessoal que reforça a importância da educação e da permanência na escola. “Eu conheço pessoas, como o meu pai, que não sabem ler.  E isso é triste. A melhor coisa que minha mãe fez foi me ensinar a ler. Eu só saio desse projeto quando minha turma estiver lendo”, afirma.

A adolescente mora com a mãe, dois irmãos e o padrasto. Ela cursa o segundo ano do ensino médio pela manhã. Vai de ônibus para a escola, levando cerca de 15 minutos no trajeto de ida e 15 minutos na volta. Ao chegar em casa, almoça e depois segue a pé para a escola comunitária onde ajuda nas aulas de apoio pedagógico. “Tento fazer algo diferente do que eles já têm na escola. Eu odeio aula que parece uma palestra, onde a gente só ouve e não tem voz. Isso é chato. Quero que eles participem, falem o que estão sentindo e pensando”, explica Glaycyanna.

Além de uma dinâmica mais divertida e atraente para as atividades de apoio, a adolescente de 17 anos defende a importância do estabelecimento de vínculos e de relações de confiança com os alunos para o processo de aprendizagem. “Eu criei um vínculo com eles, tentando entender o que eles passam fora daqui. Eu não quero ser somente alguém que ensina conteúdos. Quero ser amiga, alguém que eles sabem que se importa com eles. Algumas mães me dizem que os filhos estão melhorando na escola e que já estão conseguindo ler”, comemora.

Depois de concluir o ensino médio, Glaycyanna deseja fazer um curso de Prática de Navios, que forma profissionais responsáveis pela assessoria de um comandante para a livre e segura movimentação de uma embarcação, e, em seguida, cursar a faculdade de Economia.


Direito de aprender para todos

De acordo com o mobilizador Wagner Rosa, no início do projeto, foi feita a busca ativa das crianças, no entanto, hoje, a demanda da comunidade pelas aulas é maior do que a capacidade atual por isso, eles estão de mudança para um novo local e passarão a oferecer 100 vagas, ampliando o acesso ao direito de aprender para mais crianças do Recanto dos Poetas.

“Esse projeto tem trazido um impacto enorme não só na vida das crianças que participam das aulas, mas também para os adolescentes e jovens que estão dando as aulas. Eles também estão melhorando as notas na escola, pois perceberam a necessidade de aprender para ensinar”, finaliza.




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